domingo, 15 de janeiro de 2012

ARTE CONTEMPORÂNEA?

Eu tenho medo! Muito medo das palavras instalação, performance e arte contemporânea.
Essas palavras são tão obscuras como a utilidade de certos acontecimentos artísticos na nossa sociedade. Eu as vezes me pergunto se a arte contemporânea (hoje em dia) serve pra mais alguma coisa além de massagear o ego de artistas que desistiram de aprender "técnicas".

Aliás, muitos deles até aprenderam... mas, não se aperfeiçoaram, e resolveram que a transgressão seria mais divertido e vendável. Algumas instituições bancárias do nosso país, bem como outras grandes empresas, usam a arte contemporânea pra lavar dinheiro - afinal, quem decide o preço é o artista, e pra onde o dinheiro vai, depois da obra paga, é problema dele; dái ao dinheiro pago retornar parcialmente para o pagante das obras é só um jogo de esconde-esconde bem feito.

Não é bem isso que me aborrece. Eu posso dizer que num momento da minha vida eu já tive a "crise da expressão" e achava que minhas manchas e rabiscos comunicavam um mundo para as pessoas, mas, não, não o faziam. Caí na real e ví que os filtros na comunicação são tão pessoais que as pessoas podem ou não sacar aquilo tudo.

Bem, daí eu gostaria de saber qual a utilidade desse tipo de obra de arte enquanto meio de comunicação ou agente de reflexão social sendo que ela, isolada de uma explicação por escrito ou de algum agente alucinógeno, não tem poder de comunicar muita coisa. Daí, os mais "mudérnos" vem falar que a arte as vezes comunica uma emoção, uma textura, um cheiro, uma lembrança ... porra, até meu chinelo me comunica uma lembrança e ninguém tem que pagar R$23.000,00 pelo par, só pra chamar de arte e trazer de volta lembranças. Daí tem a performance, onde o colega criativo não satisfeito em apresentar a manifestação de sua sandice tem, algumas vezes, o prazer de mostrar os efeitos colaterais ao vivo e, mais uma vez, de modo fartamente pago. Outra coisa é o conceito (ou a falta dele) no quesito instalação: um monte de tranqueiras no mesmo espaço que te fazem lembrar, sentir ou pensar sobre alguma coisa. A gente precisa mesmo isolar uma geladeira velha num museu pra reparar que ela é uma geladeira velha? Tão chamando você de bobo...

Nas minhas ultimas visitas a museus e galerias de arte contemporânea eu tenho achado muitas releituras e conceitos velhos, daquelas escolas artísticas clássicas, mascarados pela falta de "técnica" ou repaginação dessas coisas, e as pessoas mais tapadas babando na frente das mais novas roupas do imperador, dessa vez com sucatas e um aspecto visivelmente mal planejado.

Nessa história o que mais me aborrece é que algumas das pessoas que conheço que tem as idéias mais ousadas, criativas e com potencial transformador acabam indo dar aula de artes plásticas nas escolas do estado porque acreditam que seu trabalho vai ter resultado mais efetivo se realizado para um público que realmente demande de informação e mudança; ou então os que vão fazer restauração de quadros antigos pra poder sobreviver e custear sua arte realmente transformadora, ou ainda os que tentam manter a chama do pensamento aceso sem se sujeitar a nenhuma situação degradante só pra conseguir levar suas idéias boas pra frente, ás custas de ações horrendas.

Enfim, coleguinhas da arte, vamos brincar de ser realmente criativos ou então simplesmente aceitar nossas limitações e reconhecer o talento, que também é um valoroso talento, em criar composições abstratas vulgares, mas, que ficam lindas na parede do dentista.


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