segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

ECONOMIZAR TEMPO, PRA QUÊ?

"Não perca mais tempo..."


São incontáveis as vezes que vemos esse tipo de título em peças publicitárias durante um dia, ou nas ruas, ou ouvimos essas coisas em conversas. Sua amiga dizendo: "não perca tempo com tal fulano". Seu chefe dizendo: "não perca tempo com detalhes, vamos faturar".

Mas, afinal de contar, estamos economizando tempo, pra quê?

A vida não é simplesmente esse exato segundo que você despende pra ler o que eu escrevi em algum segundo perdido no passado? Pois é, se não podemos esperar nada do futuro até que ele chegue, vamos passar uma vida economizando tempo em prol do que?

Hoje eu estava vendo um comercial onde uma moça passava uma tintura nos cabelos e ficava maravilhada porque agora podia fazer isso em apenas 10 minutos, enquanto antes demoraria 30 minutos. Oras, a maior paixão das mulheres é ir ao cabeleireiro e gastar horas lá fazendo qualquer coisa menos procedimentos estéticos. Elas querem mesmo é conversar, jogar conversa fora e papear sobre besteiras e coisas que no dia-a-dia parecem futilidades pelas quais ninguém quer perder o tempo em discutir. Então, pra que salvar 5 ou 10 minutos do seu tempo?

Alguém, pelo amor, vai chegar em casa 5 minutos mais cedo e dizer "nossa, agora minha vida está completa porque vou poder dormir por mais 5 minutos?". Não, né!

Então, acho que a questão é aproveitar cada segundo que utilizamos pra fazer coisas que nós achamos uteis e, mais que isso, passar a ver a utilidade de cada pequena coisa da nossa vida porque, afinal de contas, ninguém sabe porque está aqui e se vai mesmo ter alguma coisa pra fazer depois. Eu acho que o barato das coisas é o tempo e a energia que dispendemos com cada uma delas. A gente tem que considerar também que o tempo é alguma coisa muito subjetiva. Ok que exista algumas teorias pra definir o passar de um segundo: o movimento de um pêndulo num ângulo de X graus ou a distância percorrida pela luz no vácuo. Mas, por mais que no relógio os segundo sejam todos iguais, nós vemos o passar do tempo com outros sentidos e as vezes até nos desconectamos das formalidades da contagem.

Em resumo, ao menos que alguém deseje passar pela vida pensando só no que fará com o tempo que economizou, nós devíamos viver cada segundo e aproveitá-lo da melhor forma. Afinal, não adianta nada ter economizado muitas horas se, de uma hora pra outra, o nosso relógio da vida pode parar.

domingo, 15 de janeiro de 2012

ARTE CONTEMPORÂNEA?

Eu tenho medo! Muito medo das palavras instalação, performance e arte contemporânea.
Essas palavras são tão obscuras como a utilidade de certos acontecimentos artísticos na nossa sociedade. Eu as vezes me pergunto se a arte contemporânea (hoje em dia) serve pra mais alguma coisa além de massagear o ego de artistas que desistiram de aprender "técnicas".

Aliás, muitos deles até aprenderam... mas, não se aperfeiçoaram, e resolveram que a transgressão seria mais divertido e vendável. Algumas instituições bancárias do nosso país, bem como outras grandes empresas, usam a arte contemporânea pra lavar dinheiro - afinal, quem decide o preço é o artista, e pra onde o dinheiro vai, depois da obra paga, é problema dele; dái ao dinheiro pago retornar parcialmente para o pagante das obras é só um jogo de esconde-esconde bem feito.

Não é bem isso que me aborrece. Eu posso dizer que num momento da minha vida eu já tive a "crise da expressão" e achava que minhas manchas e rabiscos comunicavam um mundo para as pessoas, mas, não, não o faziam. Caí na real e ví que os filtros na comunicação são tão pessoais que as pessoas podem ou não sacar aquilo tudo.

Bem, daí eu gostaria de saber qual a utilidade desse tipo de obra de arte enquanto meio de comunicação ou agente de reflexão social sendo que ela, isolada de uma explicação por escrito ou de algum agente alucinógeno, não tem poder de comunicar muita coisa. Daí, os mais "mudérnos" vem falar que a arte as vezes comunica uma emoção, uma textura, um cheiro, uma lembrança ... porra, até meu chinelo me comunica uma lembrança e ninguém tem que pagar R$23.000,00 pelo par, só pra chamar de arte e trazer de volta lembranças. Daí tem a performance, onde o colega criativo não satisfeito em apresentar a manifestação de sua sandice tem, algumas vezes, o prazer de mostrar os efeitos colaterais ao vivo e, mais uma vez, de modo fartamente pago. Outra coisa é o conceito (ou a falta dele) no quesito instalação: um monte de tranqueiras no mesmo espaço que te fazem lembrar, sentir ou pensar sobre alguma coisa. A gente precisa mesmo isolar uma geladeira velha num museu pra reparar que ela é uma geladeira velha? Tão chamando você de bobo...

Nas minhas ultimas visitas a museus e galerias de arte contemporânea eu tenho achado muitas releituras e conceitos velhos, daquelas escolas artísticas clássicas, mascarados pela falta de "técnica" ou repaginação dessas coisas, e as pessoas mais tapadas babando na frente das mais novas roupas do imperador, dessa vez com sucatas e um aspecto visivelmente mal planejado.

Nessa história o que mais me aborrece é que algumas das pessoas que conheço que tem as idéias mais ousadas, criativas e com potencial transformador acabam indo dar aula de artes plásticas nas escolas do estado porque acreditam que seu trabalho vai ter resultado mais efetivo se realizado para um público que realmente demande de informação e mudança; ou então os que vão fazer restauração de quadros antigos pra poder sobreviver e custear sua arte realmente transformadora, ou ainda os que tentam manter a chama do pensamento aceso sem se sujeitar a nenhuma situação degradante só pra conseguir levar suas idéias boas pra frente, ás custas de ações horrendas.

Enfim, coleguinhas da arte, vamos brincar de ser realmente criativos ou então simplesmente aceitar nossas limitações e reconhecer o talento, que também é um valoroso talento, em criar composições abstratas vulgares, mas, que ficam lindas na parede do dentista.